domingo, 10 de maio de 2009

Sustentabilidade Social: Uma Nova Visão do Papel das Empresas


A percepção da importância da sustentabilidade social vem crescendo muito nos últimos anos. A complexidade dos assuntos abordados e a dificuldade em tratá-los, seja pelos seus vários desdobramentos ou pelo grande número de partes envolvidas, têm impedido que se avance muito em relação à posição atual.
A urgência é reconhecida por todos, porém, o tempo perdido e a desorganização dos interessados atrasam um debate mais consistente e prático dos caminhos a serem propostos.
Estamos vivendo uma situação em que as pessoas entendem que é necessário ampliar e aprofundar a discussão sobre esse tema, e reconhecem a importância de cada um para as mudanças que terão de ser alcançadas. Mas a falta de liderança e de vontade política de alguns participantes tem comprometido esses esforços.
Não há mais dúvida quanto às reais necessidades de se buscar um novo patamar no nosso desenvolvimento social. Sabemos que o desequilíbrio entre as classes tem comprometido as melhorias duradouras na qualidade de vida das pessoas. Sem justiça social não há ambiente propício para criarmos uma
sociedade sustentável.
O conceito da
sustentabilidade social apóia-se no direito que todas as pessoas têm às mesmas condições e permitir que os menos favorecidos possam ascender socialmente, conseguindo, assim, participar da distribuição de renda e de bens gerados no País.
Não cabe aqui discutir visões apaixonadas sobre as diferenças do capitalismo ou socialismo, quais são as suas vantagens ou desvantagens. Minha visão é pragmática e realista: mudanças sociais são feitas em um processo lento e difícil por envolver interesses conflitantes entre as partes.
É a velha briga entre classes que tem movimentado nossa história há vários séculos.
Essas mudanças se fazem necessárias agora. Não podemos mais postergá-las sob pena de frustrar a todos, com graves conseqüências para o nosso futuro.
São vários os participantes nesse processo, cada um com suas expectativas e disposição para negociar uma solução que atenda aos seus interesses e muitas vezes não os dos outros. A diferença de enfoque de cada um tem levado a posturas rígidas e muitas vezes radicais, afastando pessoas e organizações essenciais para essa solução.
Dos três principais interessados, governo, sociedade e empresas, talvez sejam as empresas as que tenham as melhores condições de buscar destravar esse impasse. São elas que possuem uma habilidade nata para negociar e aproximar as diferenças, permitindo uma convergência para um ponto em comum.
As constantes mudanças no nosso dia-a-dia levaram as empresas, que são as mais adaptadas a essas transformações, a terem um papel de revisora dos costumes e hábitos, e a serem referências nas comunidades em que estão inseridas. Isso as credencia a liderar os movimentos sociais em curso hoje em nossa sociedade.
A cada dia empresários e executivos têm aceitado rediscutir os interesses de suas empresas com base em um enfoque social. Eles entendem que sem conquistar posições mais justas para as outras partes não alcançarão os seus objetivos e, no futuro, poderão ter os seus negócios prejudicados.
Acredito que os empresários e executivos das empresas privadas e públicas deveriam participar mais deste momento, em que há uma percepção generalizada de que é preciso dar passos mais rápidos em direção a essas mudanças.
Do
triângulo da sustentabilidade, o lado social é, de longe, o mais importante. É dele que emanam os problemas ou soluções para os outros dois, seja o econômico ou o ambiental. E as empresas são as grandes responsáveis por ajudar a desenvolvê-lo e difundi-lo.
Se quisermos ter qualidade de vida e esperança de dias melhores temos que assumir nosso papel de líderes e chamar para nós a responsabilidade dessas mudanças.
Investimento Social Privado
O investimento social privado é uma das várias facetas da responsabilidade social. Empresas cada vez mais têm investido recursos em projetos sociais e há uma maior demanda por resultados concretos.
O investimento social privado é o uso voluntário e planejado de recursos privados em projetos de interesse público. Ao contrário do que muitos pensam, o investimento social privado não deve ser confundido com assistencialismo.
Como qualquer investimento, as pessoas físicas ou jurídicas que financiam projetos de cunho social têm o intuito de aferir os resultados alcançados. Há, portanto, a preocupação em se gerar um retorno positivo à sociedade, de forma que o monitoramento das atividades desempenhadas seja constante e envolva uma equipe de profissionais, tais como assistentes sociais, empresários,ambientalistas e educadores. Isto leva ao crescimento e maior profissionalização do ''terceiro setor'' frente às dificuldades dos setores público e privado no combate às mazelas sociais do país.
EVENTUAL *flex - Búzios